Tuesday 29 September 2009

hey man

Legal o poema. Me lembrou o dia que a gente esteve naquela praia perdida em SV e passou um caiçara levando uma tartaruga gigante no braço. retrato do país, mistura de solidariedade com loucura. Uma praia tropical bonito pracaralho infelizmente destruida pela civilizacao que nos impuseram. Paraiso e purgatorio.

Sinto falta da praia. Depois vi o mar outra vez em Veneza, e nunca mais. Praia do Lido, refugio de milionarios nos anos 40, parece. Glamour europeu decadente. Bonita cidade, mas com uma praia civilizada e ordenada, sem graça. Europa é isso, predominio do artificial, do carater domado frente ao espontaneo. Velha Europa cheia de vicios.

A civilizaçao nao serve pro Brasil. O Brasil tem que se mancar e começar a entender que nao foi descoberto, foi invadido. E tem que buscar seu proprio caminho. Enquanto nao fizer isso, vai continuar sendo o que sempre foi. Fabrica de doidos bem intencionados, do tipo que abunda no inferno.

Tuesday 15 September 2009

Pois é, a densa camada de melancolia sob o tapete carnavalesco consome a população. Mas vejo a arte gótica não como uma reação dos povos catequizados, mais como uma expressão cristã dentro da cultura deles. Enfim, um produto híbrido, mas talvez mais um produto gerado pela aceitação da posição de povo dominado do que uma reação de fato. A arte gótica pode ser vista tanto como arte cristã que absorveu elementos bárbaros quanto arte bárbara que absorveu elementos cristãos. Enfim.

Mas camisa regata e bermudas pretas até cai bem na moda gótica tropicalizada. E Santos tem um ar um tanto sombrio, mesmo, talvez devido à falta de juventude, à opressão da natureza pelo progresso, enfim, pode-se desenvolver uma estética da cidade nesse sentido, visualizando as vielas escuras nos arredores do cais, as velhas igrejas, a avenida do porto com suas estruturas ameaçadoras, a noite no centro.



Segue abaixo um novo poema:

No bico da tartaruga,
À beira do abismo,
Encontrei o meu medo.

Enquanto urubus e gaivotas
Planavam incessantes em círculos ao redor,
Senti-o na pele.

A solidão gritava na pedra,
Ecoando no horizonte:
Era o meu próprio limite, como indivíduo.

Sacudiam os matos,
Lagartos se esgueiravam,
Ondas rebentavam constantes.

Sob o sol, ao vento,
Sobre o mar abaixo,
Voltei à humanidade.

Com alguns passos atrás,
Contemplei a fugacidade da vida,
E abracei a impossibilidade total.

Hoje me sento melancólico,
Reflexivo nas pessoas,
Na distância que aproxima.

O viajante saudoso
Lembra-se que em sua terra
Também não encontra correspondência.

E conclui que os sentimentos
São meras distrações, pequenas
Perante a compreensão universal do amor.

14.09.09

Tuesday 8 September 2009

Hum.

Realmente pensando nisso do gótico como reação de povos colonizados, tem muito a ver sim. Mas duvido que seja essa a motivacao das pessoas que se vestem de vampiro no Brasil.

Que fique claro também que eu nao concordo nada com essa ideia de que o Brasil é sol e praia e que somos um povo sempre alegre. Nao concordo, e acho que obrigar as pessoas a estarem sempre sorrindo, como se faz no Brasil, pode gerar uma infelicidade imensa. Além disso cidades como Santos, onde chove metade do ano, podem ser tao ou mais escuras do que Londres, por exemplo.

O problema é que cobrir o corpo todo de preto nao dá. Faz muito calor.

As lendas brasileiras sao sinistras sim, mas totalmente particulares.. Eu lembro de um livro que tinha na escola, chamava lendas e mitos do Brasil. As historias estavam divididas por regioes. dava pra perceber bem a diferença entre as historias do sudeste, mais catolicas e mestiças, das do norte, que eram puramente indigenas. O Saci é do sudeste, e parece que o personagem é inspirado em uma especie de duende irlandes. A unica coisa que fizeram aqui foi pintar ele de preto!

Abraço!

Wednesday 2 September 2009

É, pode rolar. Uma vez vi uma portuguesa surtando num retiro. Uma estrutura psicológica forte é necessária pra praticar com firmeza, especialmente por períodos mais longos de tempo. Se liga no último post do meu blog selfskrying.blogspot.com, tem um texto a ver com essa parada.

Certamente o conceito de gótico está totalmente deslocado nestas terras tropicais. Mas ao se abordar o conceito original de arte gótica como arte cristã dos bárbaros catequisados observa-se uma aproximação no mínimo surpreendente. Além disso, em outro aspecto, o da estética sombria, o terceiro mundo faz os cenários do velho mundo parecerem contos de fada. E há personagens do folclore brasileiro bastante sinistros, como o corpo-seco (uma espécie de zumbi que em algumas versões até chupa o sangue das vítimas, bem parecido com as lendas de vampiro anteriores ao perfil aristocrático romântico -- leia esta história: http://www.litoralvirtual.com.br/litoral/lenda_corposeco.htm), a mula sem cabeça, lobisomen, a pisadeira, entre muitos outros. Isso não é gótico, fique claro, e sim apenas um parâmetro para comparação.

E Superbad, tá anotado.